quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Passeio Socrático


Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do  Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam.  Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 

"Qual dos dois modelos produz felicidade?"

Estamos construindo super-homens e super  mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente  infantilizados.

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias!

Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito.

Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!"

A publicidade não consegue vender felicidade, então passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este  tênis,  usar esta camisa, comprar este carro,você chega lá!" 

O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo o condicionamento .

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, constrói-se um shopping-center. É  curioso: a maioria dos shoppings-centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas. 

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. 

Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas.

Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Deve-se passar cheque pré-datado, pagar a crédito,  entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno. Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo  hambúrguer.

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas:  "Estou apenas fazendo um passeio socrático".

Diante de seus olhares espantados, explico: "Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas.

Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:

"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz !"

Frei Betto

Fonte: www.freibetto.org

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Terapias xamânicas: a busca pela cura interior

Viviane de Oliveira, 36 anos, estava grávida, buscava um método para relaxar e amenizar as enxaquecas, e decidiu fazer reiki. Ela começou a se sentir melhor e levou o esposo, Adriani Lopes, 45 anos, para conhecer a técnica. Adriani conta que era bastante cético, mas acabou gostando e se interessando a ponto de começar a estudar o assunto.
Através do reiki, ele conheceu o xamanismo, filosofia de vida que passou a praticar não apenas no dia a dia, mas profissionalmente. “Não vivemos somente disto, mas devo me aposentar em seis anos, então quero me dedicar mais”, afirma Adriani, que hoje é mestre reiki e terapeuta xamânico, assim como a esposa.
Em Montenegro, eles realizam as sessões em um sítio, atendendo a pessoas de diversas cidades. Adriani explica que o xamanismo propõe que o indivíduo se entenda e se transforme, a fim de se tornar mais harmonizado consigo mesmo, com os outros e com a natureza, compreendendo sua função como parte de um todo. A filosofia visa ainda o conhecimento sobre como funciona o ambiente em que se atua e vive, seja pessoal, profissional, cultural ou social, para assim poder atuar de forma mais consciente.
De acordo com o profissional, as terapias xamânicas são técnicas complementares que auxiliam na recuperação de qualquer enfermidade e estão essencialmente ligadas a questões mentais e emocionais. “É algo bem complexo, um aprendizado diário, que visa o autoconhecimento e a autocura”, afirma o terapeuta, lembrando que muitos problemas de saúde estão vinculados a uma situação psicológica.
“As terapias xamânicas ancestrais, aliadas às modernas terapias holísticas, buscam o despertar da autocura do indivíduo nos níveis espiritual, emocional, mental e físico”, explica Adriani, destacando que as técnicas proporcionam ótimos resultados em qualquer processo de cura, auxiliando, facilitando e complementando.

Algumas das técnicas
Aliadas a técnicas como reiki, florais e thetahealing, são realizados: resgate da alma; resgate do animal de poder; jornadas xamânicas; liberação energética (exorcismo xamânico); limpezas; extrações; cura na linha do tempo; harmonização; reequilíbrio energético; terapia com tambor.

Alguns materiais usados
O xamanismo usa as forças da natureza como auxiliares nos processos terapêuticos (animais de poder, ervas aromáticas, sons, cristais, etc) e  ferramentas como essências aromáticas, tambores, chocalhos, pedras, incensos, resinas, penas, entre outros.

Alguns benefícios
Retomada do poder pessoal; liberação energética; resolução pessoal; energias emocionais; desapego de “eus” criados e energias intrusas; reconexão com a sua essência; liberação do que impede sucesso, amor, abundância e outras decisões sensatas na vida; retomada da sua vida; harmonização e equilíbrio; foco e maior poder em decisões; escolhas mais sensatas e felizes; vitalidade; vigor e ânimo; recuperação ou despertar de habilidades; liberação de cargas emocionais e espirituais; liberação de acordos conscientes e inconscientes; tomada de poder; auxílio nos processos curativos de enfermidades; integração do ser; mudanças de hábitos.

Paciente deve querer e acreditar na cura
Adriani Lopes enfatiza que, ao iniciar um processo de cura através das terapias xamânicas, o indivíduo deve estar ciente que o terapeuta somente pode auxiliar quem realmente quer encontrar seu caminho de cura, ou seja, o paciente deve ter a real intenção de resolver seu problema. “Vontade de curar-se é a palavra-chave de todo e qualquer tratamento em qualquer área, e, acima de tudo, o poder da intenção de cura exercida em conjunto pelo terapeuta e, principalmente, pelo paciente”, explica Adriani.
O terapeuta destaca ainda que outro ponto essencial é que o indivíduo tenha um grau de comprometimento com seu processo de cura para que possa ser auxiliado na busca de si próprio e na compreensão e harmonização de sua estrutura como um ser completo integrado ao ambiente em que vive. “Muitas vezes, a mãe traz o filho, mas ele não quer, não acredita, ai não adianta, a decisão deve partir do próprio paciente”, observa Viviane.

A constante busca do equilíbrio energético
A energia é o “material de trabalho” do xamanismo, sempre com foco no equilíbrio. Através das técnicas de relaxamento, meditação e outros, os terapeutas ajudam os pacientes a fazer com que a energia do corpo flua melhor. Outro ponto importante é a conversa. É através do diálogo que o terapeuta auxilia o paciente a entender e a ter consciência da causa dos seus problemas e dificuldades.
“O paciente experimenta a exploração de variados níveis de consciência e cura, em conexão com seu corpo, instinto, mente profunda, coração e eu superior. Desperta e vivencia o processo de autocura e de liberação energética de padrões, crenças e condicionamentos que afetam negativamente a sua vida”, explica Adriani.
Viviane enfatiza que, quando a pessoa está mais consciente dos seus erros e acertos, ela mesma passa a mudar suas atitudes e a buscar mais qualidade de vida, melhorando a alimentação e realizando exercícios físicos, por exemplo. “É importante destacar que este tipo de terapia não substitui qualquer tipo de tratamento convencional realizado por médicos, psicólogos e psiquiatras, é apenas um complemento”, afirma Viviane.

Matéria veiculada no Jornal Ibiá, dia 14/07/2012, por Amanda Fetzner.